Metáfora: o mangá ReFantazio é uma versão de comédia pastelão do jogo
Assim que eu vi Metáfora: ReFantazio estava fazendo uma adaptação para mangá, imaginei que essa seria uma boa opção para quem não tem tempo ou paciência para jogar um RPG que poderia facilmente levar 80 horas para ser concluído (ou no meu caso, bem mais de 100 horas, com todas as missões secundárias em que embarquei). Mas com base na primeira edição, que você pode ler gratuitamente em Mangá Plusessa adaptação vai ser muito… mais boba.
Não é só que o mangá faz várias mudanças na história, mas também tem isso. Todo o tom do livro é diferente. Após a sensação inicial de chicotada, decidi que gostei, mas requer algum ajuste mental. No jogo, o personagem principal costuma falar com uma estranha sensação de formalidade e distância emocional; ele é um dos personagens menos desenvolvidos do jogo, o que faz sentido, pois é uma cifra na qual o jogador pode se projetar facilmente. Isso é bastante clássico para um videogame.
No mangá, fiquei chocado ao ver o personagem principal dizendo “cale a boca” para sua amiga fada Gallica logo no início. Severo! Ele acaba sendo mais bobo do que idiota, com toneladas de expressões faciais vibrantes e pequenas piadas que o protagonista do jogo nunca fez.
A maior mudança no livro é no personagem de Strohl. No jogo, ele é quase tão discreto e retraído quanto o protagonista; ele é um nobre que perdeu suas terras e família, mas ainda acredita na ideia de nobreza e em viver de acordo com ela. O mangá transforma esse conceito mal esboçado em uma caricatura cômica, fazendo Strohl gritar constantemente para as pessoas que seu sangue nobre exige que ele ajude os “plebeus” a todo custo. Ele repetidamente se joga em situações de quase morte, a maioria das quais inventadas exclusivamente para o mangá, a fim de provar que ele é o nobre mais nobre de todos os tempos.
A primeira edição do mangá serpenteia por alguns pontos da trama que nunca acontecem no jogo e, de repente, termina com o funeral do rei, um evento que acontece no jogo e é um grande ponto de viragem no primeiro ato da história. Fiquei meio surpreso que o mangá tenha chegado tão rápido. (Para efeito de comparação, a cena do funeral acontece cerca de duas horas depois esta compilação de cenas de 20 horas do jogo.) Mas mais estranho ainda, o mangá nunca apresenta Hulkenberg, em vez disso dá seus maiores momentos iniciais a Strohl; no jogo, Hulkenberg está lá desde o início, muito antes de Strohl aparecer. Não me importo que o mangá faça essas mudanças no interesse de simplificar um enredo de RPG muito complexo, e ter menos personagens logo de cara sem dúvida ajuda com isso, mas ainda é estranho ver tantos eventos importantes se desenrolando sem a presença de Hulkenberg.
Mas é realmente a decisão de transformar todos os personagens em idiotas emotivos que está me confundindo e, finalmente, me fazendo pensar se o jogo poderia ter sido melhorado com alguns desses elementos. Não preciso que Strohl e o personagem principal sejam tão exagerados em suas ações como no mangá, onde a caracterização é feita claramente para uma rápida taquigrafia narrativa. Mas na verdade teria sido bom ver um pouco mais de personalidade dos dois, especialmente nas primeiras horas do jogo, antes de você reunir alguns dos membros mais divertidos do grupo (como Heismay). É definitivamente divertido ver uma reviravolta inesperadamente diferente na história e ficarei curioso para saber como o resto das edições adaptam as próximas aventuras.