Globo traz ‘She’s the One’ para Content Americas
O horário das 18h da novela Globo – canal aberto de maior produção da América Latina – é conhecido há muito tempo por suas peças de época de grande sucesso e voltadas para a família, de “O Espinho e a Rosa” a “Pimenta”. Chocolate.” Atualmente no ar, “She’s the One” está de olho em se juntar a esse prestigiado ranking.
Falando exclusivamente com Variedade antes do lançamento de “She’s the One” na Content Americas — evento sediado em Miami voltado para os mercados latino e hispânico, com novelas, séries, documentários e formatos — a showrunner Alessandra Poggi se diz emocionada com a recepção da história pelo público no Brasil até agora.
Ambientado em 1958, “She’s the One” acompanha Beatriz (Duda Santos), que acreditava ter sido abandonada aos quatro anos de idade, mas depois descobre que sua amorosa mãe (Carol Castro) sofreu um grave acidente e posteriormente foi manipulada por uma vilã mãe-e- dupla de filhos, interpretada pelos renomados atores Lilia Cabral e Fábio Assunção.
Esta é a peça do terceiro período dirigida por Poggi, juntando-se a “Dark Days” e “A Trick of Fate”. Ao ambientar a história em 1958, Poggi diz que gosta de “definir uma novela de época em um ano específico, em vez de em uma determinada década”. Ela acrescenta: “Em ‘Uma Truque do Destino’, estávamos em 1944, quando os soldados brasileiros foram lutar na Segunda Guerra Mundial, pois gosto de aproveitar ao máximo a vasta e rica história do nosso país. Quando precisei escolher um ano para ‘She’s the One’, optei por 1958, que vive em nosso imaginário cultural como o ano em que tudo estava indo bem no Brasil.”
“Tínhamos acabado de ganhar a Copa do Mundo pela primeira vez”, continua o autor. “Foi o ano da invenção da Bossa Nova, tivemos o Cinema Novo, a construção da nossa capital Brasília… Aí comecei a investigar o que não foi tão bom em 1958 porque as coisas não poderiam ter sido tão idílicas para todos.”
Afastando-se do privilégio, Poggi encontrou histórias de quem viveu vidas mais difíceis em uma época amplamente considerada próspera no Brasil, imbuindo as lutas de sua protagonista com questões ainda relevantes, como racismo e sexismo.
“Isso é algo que gosto de investigar no meu trabalho: quem na sociedade é feliz? Quem está prosperando? Quem não é? Em 1958, os homens traíam constantemente as suas esposas; a sociedade era muito sexista e racista. Os filhos de mães divorciadas sofreram muito. Pessoas queer não poderiam viver de verdade. Então, eu queria falar sobre essas questões, que infelizmente ainda são relevantes hoje. Eu não poderia ignorar isso.”
Sobre abordar questões pesadas em um espaço familiar, Poggi diz acreditar que “toda história pode ser contada em qualquer espaço”, desde que os autores tenham “a abordagem certa”.
“Não tenho reservas em explorar qualquer questão em particular; Só tomo cuidado na forma como trago esses temas para a história para que o público fiel ao horário das 18h não rejeite tais discussões”, enfatiza, acrescentando que sua estratégia é abordar temas como racismo e classismo. em um tom “mais suave”, propício à peça clássica de época. “As pessoas aceitam isso e começam a refletir sobre essas questões. Muitas crianças estão assistindo ‘She’s the One’. Famílias inteiras sentam-se para assistir à novela juntas. Meus filhos assistem. É tudo uma questão de tom.”
Quanto ao que a autora considera o maior diferencial da novela brasileira, a resposta está na ponta da língua: “É uma obra aberta. E é também um trabalho longo e aberto, onde você tem espaço para modificar a história de acordo com o que as pessoas estão respondendo. Acho que este é sem dúvida o maior triunfo das nossas novelas.”
“Também adoro acompanhar a novela enquanto ela vai ao ar”, acrescenta sobre o imediatismo do formato. “Estou no Twitter enquanto o episódio está no ar para conferir o que as pessoas estão falando. Adoro quando minha manicure toca no assunto, quando ouço as pessoas conversando sobre isso no supermercado. As pessoas vão escrever para mim e me contar sobre as coisas que gostam e as coisas que não gostam.”
Embora as novelas percam alguns dos triunfos do formato quando exibidas internacionalmente, uma vez que os autores não conseguem mais ajustar a narrativa, Poggi ainda acredita que elas têm um potencial internacional “incrível”. “As novelas brasileiras rodam o mundo desde o início. Estive no Chile uma vez e uma de minhas novelas passou na TV. É exibido como uma obra fechada, por isso tem uma qualidade diferente, mas ainda assim é incrível ver a resposta a ela.”
“Quando vemos algo que escrevemos, ou que um amigo escreveu, sendo consumido no exterior, ficamos muito felizes porque é uma forma de divulgar a nossa cultura. As pessoas ficam mais interessadas em visitar nosso país, ler nossos autores, consumir nossa arte… As novelas levam o Brasil para o mundo.”
Além da exibição de “She’s the One” nesta semana, a Globo celebrará seu 100º aniversário na Content Americas com um evento intitulado Globo 360: o Futuro Já Começou, com a elogiada atriz Sophie Charlotte (“Rebirth” e “All The Flowers”) presente.